terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Inveja

"Quem pode, neste mundo, escapar aos invejosos? Quanto mais se destaca um homem no conceito de seus concidadãos, quanto mais alta e respeitável sua posição, mais fácil alvo para a peçonha da inveja, contra ele se levantam, em vagalhões de infâmia, os oceanos da calúnia. Nenhuma reputação, por mais ilibada, é inatingível, nenhuma glória, por mais pura, é intocável."

in "Os Velhos Marinheiros" de Jorge Amado

Verdade


"Com sua voz grave, de inapelável sentença, acrescentou curioso detalhe: não só a verdade está no fundo de um poço, mas lá se encontra inteiramente nua, sem nenhum véu a cobrir-lhe o corpo, sequer as partes vergonhosas. No fundo do poço e nua.
(...)
No entanto, por mais que ele me explique tratar-se apenas de um provérbio popular, muitas vezes encontro-me a pensar nesse poço, certamente profundo e escuro, onde foi a verdade esconder sua nudez, deixando-nos na maior das confusões, a discutir a propósito de um tudo ou de um nada, causando-nos a ruína, o desespero e a guerra.
Poço não é poço, fundo de um poço não é o fundo de um poço, na voz do provérbio isso significa que a verdade é difícil de revelar-se, sua nudez não se exibe na praça pública ao alcance de qualquer mortal. Mas é nosso dever, de todos os nós, procurar a verdade de cada fato, mergulhar na escuridão do poço até encontrar sua luz divina."

in, " Os Velhos Marinheiros" de Jorge Amado

Alergias


Retirada de patriciasoares10.spaces.live.com

"Está aqui que não me deixa mentir!"
Porque será que alguns Semideuses usam frequentemente a expressão supracitada? Será que mentiram noutras ocasiões? Será projecção devido a desconfiança? Será que têm fraca memória que precisam de testemunha? Será?
É uma expressão que me desagrada, exaspera-me! E mais me irrita quando é utilizada por superiores hierárquicos, ditos Coordenadores - Directores ou Directores - Coordenadores de qualquer coisa, durante uma reunião. Quando isto acontece sou transportado para o tanque ou para o mercado, onde vizinhas "conversam" sobre vizinhas. Só falta mesmo o dito Coordenador - Director ou Director - Coordenador colocar a mão na anca. Leitores vão ter que acreditar naquilo que escrevo pois está aqui alguém que não me deixa mentir!

"Estou a dar-te uma seca (ou a aborrecer-te quando não se gosta da terminologia sem humidade)!"
Outra expressão que me provoca alergias. Se acham que é uma seca/aborrecido porque continuam? Gostam de ouvir "Oh, nada disso!", para se sentirem interessantes? Não consideram o outro bom ouvinte? Quando estão no papel inverso apanham secas/aborrecimento? Humedeçam a conversa com bondade e deixará de estar seca.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Contos de Fada


Retirado de www.raulgil.com.br

Ultimamente, em conversa com alguns Semideuses, apercebi-me da influência dos contos de fada na vida dos mesmos. Desde o nascimento que lhes estimulam o cognitivo, a criatividade, o sonho,... com a Cinderela, a Branca de Neve, a Gata Borralheira e o que fica? Uma série de expectativas. Um dia terão um palácio onde viverão com a amada princesa e os infantes. Todos os fins de semana darão jantares e bailes para a família, que será maravilhosa desde a sogra aos primos. o homem será o cavaleiro andante, forte e glamoroso, que tudo resolve. A mulher será bela e boa mãe. Tudo terá um tom dito cor-de-rosa, desde as pétalas das flores no jardim do palácio até ao vestido da amada. O grande problema é que um dia acordam e olham à volta e a única cor que os rodeia é o cinzento. O palácio é um cubículo onde os infantes correm aos gritos porque não há jardim com flores ou sem elas, a amada tem um ar cansado muito pouco atractivo e o príncipe, um sapo incapaz sequer de pagar as contas e o que fica? Uma série de frustrações que aniquilam, comprimem e a sensação de que a vida afinal não tem sentido. E as consequências? Queixas diárias! O dinheiro, o frio, a gordura, o vizinho, o futebol,.... E com esta vida tão rica vão existindo sem sequer se darem conta de que no passeio, todos os dias citado na conversa como esburacado, floriu uma pequena margarida que nunca ouviu falar de príncipes e princesas e saboreia a corrente de ar provocada pelos passos apressados cheios de lamurias. Nunca entrarei no Templo se não houver um feitiço que me faça esquecer que um dia vi aquela margarida!

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Medo



Retirado do blog "30 Dias Para"

No caminho para o Templo, as conversas entre Infames e Semideuses, neste contexto de avaliação, rodam à volta do mesmo, objectivos individuais. Ainda gostava de perceber como é que um educador pode ter objectivos individuais. Voltando à conversa que aquece a viagem. Os Infames consideram que o medo impera no íntimo dos Semideuses , de tal forma que se começam a sentir sós nesta viagem. A sensação que fica é que se o Lobo Mau atacar numa curva do caminho, os Semideuses saltarão para trás dos Infames e num gesto de desespero empurrarão os pobres para a boca do Lobo com a sentença "foi ele".
O medo pode ser um aliado da sensatez mas neste caso parece-me mais um aliado, como disse um Infame ao almoço, da menoridade da mente. O que seria de nós se o medo tivesse vencido ao longo do caminho? Ainda teríamos a Mocidade Portuguesa. O medo é inaceitável quando inibe a verticalidade. Agora percebo a origem de alguns desvios da coluna vertebral. Começo a concluir que para entrar no templo é necessário uma escoliose.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Alegria Branca


Hoje tive consciência da alegria que a neve pode causar. Acho que consegue ultrapassar a presença do Sol.
Se estiver a chover ou nublado e o Sol conseguir romper esses depressores, ficamos contentes mas não rejubilamos. Com a neve rejubilamos!
Semideuses e Infames a partilharem desta alegria branca.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Saudade

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Rostos da Saudade



Saudade nome feminino

1. sentimento melancólico causado pela ausência ou pelo desaparecimento de pessoas ou coisas a que se estava afectivamente muito ligado, pelo afastamento de um lugar ou de uma época, ou pela privação de experiências agradáveis vividas anteriormente

2. [plural] cumprimentos a uma pessoa ausente; lembranças

3. [plural] BOTÂNICA nome de várias plantas da família das Dipsacáceas e das Compostas, e das flores respectivas;
morrer de saudades sentir muito a falta (de)

(Do lat. solitáte, «solidão»)

Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora

Desde que cheguei do Sul que a minha inspiração está em crise. A causa poderá ser uma imunidade passageira a Semideuses ou ainda continuar por lá sem me aperceber ou então sofro do síndrome de privação de experiências agradáveis vividas anteriormente.
A Saudade, para os poetas, é uma musa inspiradora. Para este Infame, existencialista perturbado por rasgos pontuais de emoção, é inibidora da criação.
Esperarei sentada na estrada do Templo á sombra de um embondeiro recordando as caras do Sul!