domingo, 21 de setembro de 2008

Chave Dicotómica


A Sul - Agosto 2008


"- Quando quiseres saber se estás num local rico ou pobre, procuras os caixotes do lixo. Se não vires dejectos, nem caixotes, é um local muito rico. Se vires caixotes, mas não vires dejectos, é rico. Se vires dejectos ao lado dos caixotes, não é rico nem pobre é turístico. Se vires dejectos sem caixotes, é pobre. E se as pessoas morarem por entre os dejectos, então é muito, muito pobre."

in "O Senhor Ibrahim e as flores do Corão" de Eric-Emmanuel Schmitt

Ainda os Pés


Imagem retirada de http://inusitatus.blogtv.uol.com.br

"(...)
- Os teus sapatos não prestam, Momo. Amanhã vamos comprar-te um par novo.
- Sim, mas...
- Um homem passa toda a vida em dois lugares: ou na cama, ou nos seus sapatos.
- Não tenho dinheiro.
- Ofereço-tos. É uma prenda minha. Momo, só tens um par de pés, precisas de tomar bem conta deles. Se os sapatos te magoam, tens de substituí-los. Mas não podes mudar de pés!"

in "O Senhor Ibrahim e as flores do Corão" de Eric-Emmanuel Schmitt


E que fazem os Infames? Tentam mudar de pés porque sem aquele sapato a vida perde o valor. Santa ingenuidade a dos puros Infames que se despezam por amor ao Templo.

Contradição


Imagem retirada do blog "Argumentações do Brejeiro"


"Quando nos contradizemos é sinal que evoluímos. As convicções estáticas são um empecilho..." Móises Salgado, in Contos Divagações e Outras Mentiras


Na Ciência podemos dizer que uma verdade é um erro à espera de vez (adaptação de uma frase que penso ser de Virgílio Ferreira), ao nível do auto-conhecimento poderíamos dizer que uma convicção é uma contradição à espera de vez. Como Infame convicto vou contradizer-me ao assumir que a coerência é uma incoerência à espera de vez. E aqui reconheço que a evolução dos Semideuses se deve à sua grande capacidade de transformarem uma coerência em incoerência muito rapidamente. Para um Infame essa transformação tem que ser mastigada, digerida, reflectida, encaixada, justificada,.... mas quem somos nós? Meros Infames, seres pouco evoluídos!

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Umbigo



Hoje fartei-me dos umbigos prepotentes dos Semideuses! Ao escrever este desabafo ponho em risco a entrada no Templo. O caminho seria mais fácil se fizesse uma dieta de atitudes para que o meu umbigo ficasse mais sedutor aos olhos dos Semideuses. Estratégia inteligente mas hoje o bom senso escapou-se entre umbigos que se exibem com as conquistas conseguidas só pelo facto de assumirem que são únicos. Desde o momento da fecundação, o umbigo é o centro do nosso mundo, é ele que nos permite sobreviver. Os anos passam e somos bombardeados com a célebre frase "olha para o teu umbigo", só assim serás um Semideus. E alguns apropriam de tal forma este lema que o seu sucesso é medido pela quantidade de horas que passam a idolatrar o dito. A adoração é tão profunda que os outros umbigos deixam de ter qualquer significado e quando ousam mostrar-se são esventrados, aniquilados,...
Os Infames passam muito tempo a apreciar os umbigos dos outros, o seu é esquecido ou perde importância e nesta adoração o Templo mais longe.
Amanhã vou começar uma dieta, duas horas a olhar para o meu umbigo para no final do mês chegar às 6 horas e talvez no final do ano consiga as 24 horas. Começarei o ano de 2009 mais perto do Templo!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Ternura Sulista


O meu amigo pequenino, de nome Nélio, nasceu no Sul há 3 anos numa família muçulmana.
Para o Nélio, eu era uma pessoa digna de abraços e de sorrisos carregados de dentes brancos como a minha pele. Ao avistar-me, os seus braços pareciam ter molas e as suas pernas apressavam-se na minha direcção e da sua boca saía um sorriso e um bom dia melodioso.
O Nélio anda descalço e durante o dia percorre o bairro com a sua candura distribuindo ternura.
Na bagagem veio a ternura do Nélio, um pequeno Infame, que não me pediu nada em troca dos seus sorrisos e dos seus abraços.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Loucos Infames


O Sul trouxe-me uma experiência entre Infames rotulados pelos Semideuses como loucos. Todos os gestos e palavras são no sentido de o comprovar, os Semideuses não se enganam.
Louco, aquele que perde a razão, dizem eles. Então, deduzo, só resta a emoção. Perfeito! Porquê renegá-los, fechá-los, ....? Porquê afastá-los para sempre do Templo? Semideuses apregoam todos os dias que é necessário valorizarmos a inteligência emocional e então? Grande contradição esta!
Concluo que para entrar no Templo é preciso fazer campanha pró-emoção mas no decorrer do mandato fazer prevalecer a razão e castigar todos aqueles que ousaram acreditar. Prozac, desamor, desrespeito, ... medicamentos para encontrarem o que perderam.
Um abraço a todos os Infames denominados loucos com quem encontrei o que nunca tinha achado.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O Preto e Branco



Onde a cor inunda sou surpreendido pela sua ausência!

terça-feira, 9 de setembro de 2008