segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Simply Red



Pelos momentos partilhados


Ontem, depois de uma tarde a vegetar com um comando na mão, senti falta de um mimo doce.
De mimo na mão, numa fila de Semideuses com as compras de fim de semana, olhei em volta e um sorriso começou a desenhar-se nos meus olhos ao ver uns cabelos ruivos e uns olhos verdes que ao descobrirem-me brilharam. De repente fui transportado para o passado e aquela fila carregada de sacos desapareceu. Olhos castanhos em olhos verdes, coração a palpitar e um ligeiro rubor na face trouxe memórias de uma paixão. Trocamos algumas frases semelhantes a carícias e a nossa cabeça repleta de doces memórias. O chocolate ficou esquecido e derretido entre os meus dedos.
As filas, com sacos à mistura, são locais propícios a encontros inesperados. Estes encontros, um óptimo medicamento para a alma.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Digestão de Elogios

Nascer do Sol no Indico - Agosto 2008


Para os meus amigos/leitores com problemas de digestão, em especial para o meu amigo G., aqui fica uma citação de Machado de Assis:

"Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo. As melhores digestões da minha vida são as dos jantares em que sou brindado."


E já agora que estou em fase "mimatória" do corpo e da alma aceitam-se brindes!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Amor - Ódio


retirado de www.substantivolátil.com

Hoje, os protótipos de Infames e Semideuses a quem ensino as ciências da vida, fizeram-me pensar nas relações de amor-ódio que se estabelecem entre professores e alunos ao afirmarem que tinham a certeza que os professores deviam estar sempre a pensar em castigos para os que se portam mal, em castigos para os que não fazem os T.P.C., em castigos... Como aluno, pensei em pequenas torturas que gostaria de ter infligido aos meus professores. Mesmo aos professores de quem gostava havia dias em que me apetecia espetar-lhes pequenas agulhas por todo o corpo. Como professor posso dizer que só mudou o personagem a quem eu gostaria de infligir pequenas torturas, portanto os pequenos protótipos têm razão. Que torturas gostariam de me infligir naqueles dias em que estou odiável?
Só se valoriza o amor que se sente se pudermos por momentos odiar o objecto amado. A eterna dualidade onde o equilíbrio se refugia.

Mamma Mia


Mamma Mia deslumbrou-me ontem, depois do jantar, e numa altura em que os 40 estão à porta.
É um filme saboroso pela alegria, pureza, beleza, .... e a música dos ABBA. Todo o meu corpo e alma se enterneceu e recordou "velhos" tempos, "velhos" amores, "velhas" amizades, "velhas" festas,... E apeteceu-me abrir a porta dos 40 em festa! Os anos passam e as memórias aumentam oferecendo estima por este corpo e esta alma que já saboreou tantas emoções. Pena que essa memória desapareça por longos períodos. Tenho que motivá-la e ser um anfitrião alegre para que me visite mais vezes.
Começo a entender a célebre frase "a ternura dos 40"!

domingo, 5 de outubro de 2008

Medo versus Admiração


Agosto 2008 - A Sul

"Tinha muito tempo que ela não amava um homem naquelas areias. Muita gente pensava que ela só sabia brigar, que a vida para ela era um barulho, a ponta de uma faca, o brilho de uma navalha. Se homem valente vira estrela no céu ela um dia estaria entre eles. Mas a vida para Rosa Palmeirão não era só barulho. Do que ela mais gosta, mais do que briga, de cachaça, de conversa, é de estar assim nos braços de Guma, estendida na areia, dominada, mulher, muito mulher, catando a cabeça dele, dengosa. Os seus olhos são fundos como o mar e como o mar variam. São verdes, verdes de amor nas noites do areal. São azuis nos dias calmos, e de cor de chumbo quando a calmaria é apenas o prenúncio da tempestade. Seus olhos brilham. Suas mãos, que manejam facas e navalhas, são agora doces e sustêm a cabeça de Guma, que repousa. Sua boca, que diz palavrões, é terna agora e sorri de amor. Nunca a amaram como ela desejou. Todos tinham medo dela, do punhal, da navalha, do seu corpo bem feito. Pensavam que no dia em que ela se zangasse apareciam o punhal e a navalha, o corpo desaparecia. Nunca a tinham amado sem temor. Nunca ela vira uns olhos límpidos assim como os de Guma. Ele a admirava, não a temia."
in "Mar Morto" de Jorge Amado

O medo e a admiração confundem-se nos olhares que recebo!
Quero um olhar limpo, puro, que veja para além dos artefactos de guerra, que não veja a farda de soldado.
Quero um olhar que me permita devolver admiração!
Quero um olhar que me permita devolver respeito!
Quero um olhar que eu não deseje aniquilar!
Quero, ao ser olhado, perder-me no caminho para o Templo.


sábado, 4 de outubro de 2008

Rir


Rádio Calheta


Rir é mesmo o melhor remédio!
Hoje curei-me de muitos males. Comecei a rir ao almoço e só terminei à hora do jantar.
O responsável por esta cura, um Vil Infame, poderia tornar-se curandeiro de profissão não fosse a perseguição cerrada por parte de Semideuses inquisitórios que não lhe permitem exercer a sua profissão de forma legal. Para os Semideuses esta cura é ainda sinónimo de pouco siso portanto há que eliminar os curandeiros que a ministram e os Infames que dela usufruem. O que mais me entristece é haver alguns Infames que compactuam com os Semideuses e denunciam estes curandeiros como se fossem sociopatas e dão lições de moral a quem utiliza o medicamento. Parece-me que um dia destes vamos ter que tomar esta medicação escondidos em caves e sempre a olhar por cima do ombro não vá estar um traidor entre nós.
Para entrar no Templo temos que deixar ou reduzir a medicação ou tomá-la só em ocasiões permitidas pelos Semideuses.
O Templo cada vez mais longe!