terça-feira, 24 de junho de 2008

O Baile de Debutantes

Fui convidado para um baile de debutantes. Roupa a rigor e comportamento de acordo com o protocolo. O baile, que durou 90 minutos, teve como propósito divulgar a sabedoria linguística de quatro protótipos de Semideuses. E que sabedoria impressionante! Prestei-lhes vassalagem e admirei-os por inutilizarem seis folhas de papel, cada um, sem o mínimo de constrangimento, sem sequer pensarem nas árvores necessárias ao fabrico da magia branca. Oh, como os admiro!
Fiquei grato pelo convite, por me permitirem usufruir de tão divina presença. E eles, de acordo com a principesca educação que receberam, a não agradecerem a minha admiração, a minha esperança. Um Templo mais justo, mais sábio, mais solidário, mais... depende destes futuros Semideuses. As árvores? O carvão? O tempo gasto por este Infame? Isto tem algum interesse? Não! O que importa é o bem estar destes Semideuses adolescentes; perceberem que têm os seus súbditos aos pés e que poderão continuar a reinar e a espalhar a sua sabedoria.
Hoje sinto-me realizado, cumpri o meu papel na perfeição. Templo à vista!

2 comentários:

deep disse...

Os jovens de hoje estão de facto habituados a que lhes prestem atenção e vassalagem, mas uma parte da culpa é nossa, ou seja, das pessoas da nossa geração que deixamos que isso aconteça. Noto que os miúdos que hoje têm 4/ 5 anos passam o tempo a interromper os adultos e raros são os pais que os obrigam a esperar pela vez deles. Serei demasiado exigente? Talvez seja por não ser mãe...

Anónimo disse...

Vivemos na infantocracia, não tenhamos dúvidas....
Não existe um livro no mercado que não aborde questões de crianças felizes com educação adequada , que não confundem autoridade com poder...
Quanto ao baile eu iria e ponderaria talvez ainda outros aspectos; não de quem organiza , mas de quem participa ... Agora os pés são exactamente a mais valia que anotei anteriormente, pode não saber responder a uma pergunta de filosofia , ou quem é
Presidente da RepÚblica. a que preço estão os nabos, mas sabe tudo dos pés , e ssa é quase uma competência aprendida, um sonho , ingéno talvez , o primeiro selo de um desgosto ou talvez , não ?

cordialmente

José Ribeiro Marto