"As cores do poema
não são as cores do arco-íris.
As cores do poema são o branco
e o preto.
Peguei nas sucessivas partes do poema
e tentei uni-las,
para que conseguisse fazer delas
um corpo inteiro
uno.
Peguei em seguida nas diversas partes do teu corpo
para que conseguisse fazer delas
um poema
com as cores do arco-íris.
Como não pude encontrar
nem o verde, nem o amarelo, nem o azul
colhi flores – rosas vermelhas, margaridas, algumas dálias
e outras espécies de flores coloridas que se podem cortar
adicionei o perfume das pétalas ao teu corpo inteiro
uno como o poema.
É verdade que algumas partes de mim também se podiam misturar contigo
o castanho dos meus olhos nos teus olhos castanhos
que podiam ser verdes ou azuis
e não interessava.
O branco e rosa das nossas mãos que podiam ser de outra cor
os dedos entrelaçados
depois derrapando para dentro das coxas
o lume com a engrenagem das rótulas em movimento
e não interessava a cor do lume.
O avermelhado das línguas atiradas uma à outra
os lábios a morderem-se
o sal das línguas a arder no seu banquete
e não interessava também às línguas qual a cor da nossa pele
nem quais as cores do arco-íris.
Eu e Tu neste verso
o preto no branco da folha de papel
as cores do poema
nenhum arco-íris."
José Miguel Oliveira (www.deliriospoeticos.blogspot.com)
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
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5 comentários:
Um poema muito bonito. Parabéns ao poeta!
Para ti, um óptimo fim-de-semana. Espero que por aí o clima esteja mais ameno. :)
Beijos
Obrigado Sandra, este é de facto um poema em que me superei a mim próprio. Continuo a preto e branco. beijos
um prazer , a leitura , deste poema-corpo!
Cordialmente
__________ JRmarto
uma boa ceia de natal , e 365 dias de infâmia, de alegria infame , e saúde, muita saúde !
Abraço Fraterno____________ JRmarto
Para quando novo post? Já tenho saudades das tuas "infâmias"!
Até logo. Bjs
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